Muita gente fica com a pulga atrás da orelha com certos APPs que usam um estranho “esqueminha”: “Entre com sua conta no Gmail” ou “Entre com seu Facebook”. Você não fica? A Apple também. Por isso, ela criou o “Sign in with Apple”. O nome é esse aí, mas você pode chamar de “mais privacidade, por favor”.

A esmagadora maioria dos usuários tem, digamos, preguiça de ficar preenchendo formulários (e normalmente sempre com os mesmos campos). Nesse caso, acabam usando os logins do Google e do Facebook (ou de outra plataforma de rede social ou gerenciador de mensagens) por ser mais rápido e momentaneamente mais conveniente. Conveniente, mas não recomendável.

Assim, disponibilizar opção de login sem riscos seria excelente ideia. Bem, a Apple teve essa ideia. É com isso que gigante americana está preocupada. Aliás, ela pretende construir sua imagem em torno desse conceito: privacidade. Quer ser lembrada como a empresa da privacidade.

O sistema “Sign in with Apple” ainda não tem nomenclatura adequada em Português. Contudo, pode-se traduzir livremente por “Entre com a Apple”. Aliás, é até mesmo possível que este venha a ser o nome oficial em nossa língua.

O que é “Sign in with Apple”

O "Sign in with Apple" é uma maneira segura de logar em todos os aparelhos e websites com mais segurança e rapidez.
O “Sign in with Apple” é uma maneira segura de logar em todos os aparelhos e websites com mais segurança e rapidez.

Tecnicamente, trata-se de um protetor de privacidade. Corporativamente, trata-se de uma espécie de resposta da gigante americana Apple às estratégias dos concorrentes. Aliás, estratégias sorrateiras, dizem alguns colaboradores da empresa.

Esse novo serviço, Sign in with Apple, possibilita que o usuário dos dispositivos da empresa camuflem, mascarem, ocultem sua identidade. Assim, ao se deparar com APPs e sites que liberam acesso somente com login, o cliente Apple pode usar endereço diferente a fim de preservar e resguardar seu endereço real.

Por esse método, aqueles serviços pelos quais você se interessou vão ficar finalmente acessíveis. E sem que você precise clicar nos botões do tipo “Entre com sua conta ‘tal’ ou cadastre-se em nosso site”.

Afinal, venhamos e convenhamos, o desconforto de ser obrigado a “entregar parte da privacidade” a sites e APPs desconhecidos não agrada a ninguém. E, como a gente disse, nem à Apple.

Mas por que a Apple criou esse serviço?

O sistema Sign in with Apple fornece mais segurança aos usuários.
O sistema Sign in with Apple fornece mais segurança aos usuários.

Porque as redes sociais estavam aproveitando a brecha na atenção dos clientes Apple. Afinal, todo e qualquer site ou APP que solicita acesso por meio das contas em redes sociais beneficia as tais redes indiretamente. Há até quem desconfie de que haja alguma associação entre eles e elas, alguma espécie de “comércio clandestino” por trás dessa estratégia.

Ou seja, quando conseguem que o internauta informe sua conta nas redes sociais, está no mínimo promovendo essas redes. Por outro lado – e o lado ainda mais perigoso para o cliente Apple -, não é difícil que essa estratégia seja usada para capturar informações em segundo plano.

Nesse sentido, o novo serviço “Sign in with Apple” pode ser considerado um instrumento de proteção de dados e, claro, de proteção de privacidade.

Afinal, as redes sociais também se beneficiam

Contudo, ainda que a Apple esteja sendo “amiga” no fim das contas, há a questão da “guerrinha corporativa” por trás dessa boa intenção. E, para especialistas em análise de mercado, essa questão é a mais evidente na iniciativa da gigante americana dos iPhones.

Isso se dá porque a aceitação do usuário a essa regra dos sites e APPs oferece às redes sociais mais elementos informativos sobre seus hábitos e costumes. Se não, veja-se:

Certamente, a rede social à qual você está atrelado vai saber que você entrou nesse tipo de site. Isso é mais que suficiente para que os algoritmos da plataforma registrem esse novo interesse de sua parte. Ou seja, sem querer, você está alimentando os “robozinhos” do Facebook ou do Google ou do Twitter ou de qualquer outra plataforma.

E, claro, a Apple tem todo interesse nisso. Então, a iniciativa atende a critérios de segurança de seus clientes e de proteção de dados individuais. Porém, há o outro lado da moeda.

Bem, obviamente sempre há o outro lado da moeda.

E como o “Sign in with Apple” é eficiente?

O Sign in with Apple é bem eficiente.
O Sign in with Apple é bem eficiente.

Os mecanismos explicados pelos engenheiros da multinacional americana são interessantes. Nada mirabolantes, nada milagrosos… apenas estratégicos. E o melhor de tudo é que são tratativas internas. Você não precisa fazer quase nada. Os “bichinhos” da Apple fazem tudo.

Como? Toda vez que um site ou APP solicitar que você se logue para ter acesso a ele, basta acionar o “Sign in with Apple”. Ele vai gerar um endereço de e-mail aleatório, temporário, mas existente. Assim, os “robozinhos” dos sites e APPs vão dar acesso. Contudo, não vão conhecer seu endereço oficial, original.

A mecânica do “Sign in with Apple” explicada por “Zézinho”

A Apple montou quadros-slides explanativos sobre o funcionamento do novo serviço “Sign in with Apple”. Isso foi quando o apresentou na Worldwide Developers Conference – WWDC, evento da empresa voltado a tratativas com desenvolvedores em geral.

O chefe de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, mostrou o funcionamento a partir de um usuário fictício. Vamos chamá-lo de “Zézinho”. Ele, o usuário, gostou de um aplicativo de informações sobre “Como Criar Lhamas”. Claro… esse aplicativo é também fictício.

A experiência de “Zézinho”

Ao tentar acessar o tal aplicativo, “Zézinho” foi incentivado a se cadastrar. Nesse caso, deveria preencher um formulário e transmitir diversos dados seus. Isso incluía parte de seu endereço físico, alguns de seus hábitos, precisaria dar algumas opiniões sobre alguns produtos etc.

“Zézinho” resolveu não concluir as etapas, pois eram muitas, e voltou à inicial. Ali, viu que havia a opção de acessar o APPs a partir de sua conta no Facebook. Bastava simples clique no ícone da rede social. Fez isso e foi informado de que o tal aplicativo precisava ter acesso a suas imagens, à localização, áudios, endereço etc.

Bem, “Zézinho” se lembrou então de que tinha se associado aos serviços “Sign in with Apple” em seu aparelho. Então, lançou mão dele. Assim, o “Sign” mostrou que ele poderia entrar também por sua conta real se clicasse em “Compartilhar meu e-mail” na interface do novo serviço Apple.

Contudo, “Zézinho” se protegeria mais de eventual invasão a seus dados se optasse por “Hide My Email”. Assim, o APP “>Como Criar Lhamas” aceitaria um endereço de e-mail semelhante a “[email protected]”. Dessa forma, o APP ficaria bem satisfeito, pois o endereço realmente existe.

O pulo do gato

Porém, “Zézinho” não precisou oferecer seus dados pessoais em interminável formulário de registro nem da acesso a seus hábitos e costumes no Facebook. E eis aqui o “pulo do gato” da Apple:

Interessante: todas as informações enviadas pelo APP de lhamas para o endereço fictício do “Zezinho” vão também para o endereço oficial. A Apple se incumbe de encaminhar. Contudo, tão logo “Zézinho” resolva encerrar sua conta no APP, vai realmente deixar de receber mensagens dele.

A gente destacou o termo “realmente” acima porque, como você sabe, nem sempre os sites e APPs obedecem a seu desejo de sair da lista de contatos. Muitos deles, aliás e antieticamente, tiram você da lista, mas repassam seu endereço para outros sites.

“Sign in with Apple”, serviço inovador

A ideia por trás do Sign in with Apple é antiga, mas foi aprimorada.
A ideia por trás do Sign in with Apple é antiga, mas foi aprimorada.

Mas nem tanto. O conceito em si já existe há algum tempo. Não com tanta eficiência nem tão confiável como o “Sign in with Apple” (“confiável” pelo menos nos dizeres da gigante do iPhone). Ou seja, registrar-se em sites e APPs diversos sob endereços camuflados é ideia antiga. Já está em uso há algum tempo.

Aliás, existem até mesmo serviços específicos para isso. E gratuitos.

Importante: em diversos artigos já publicados aqui, a gente anuncia (e questiona) o conceito de “gratuito” em serviços da internet. Em verdade, gratuidade nesse universo não existe. De alguma maneira, os desenvolvedores de aplicativos são compensados.

Assim, plataformas como Guerrilla Mail, Mailinator, dentre outros, oferecem endereços descartáveis sem cobranças diretas ou, no mínimo, sob pequena taxa anual. Porém, nada nesses serviços certifica que você estará completamente anônimo.

Além disso, o próprio Gmail também dispõe de esquema com esse objetivo. Se você incluir o sinal de adição (“+”) no início de seu endereço normal, o sistema garante seu endereço real vai permanecer preservado. Afinal, para o “Google”, nenhum robozinho qualquer vai identificá-lo.

Entretanto, venhamos e convenhamos, esse procedimento não torna seu endereço realmente oculto. Alguns algoritmos mais eficazes são capazes de identificar esse esquema rapidamente.

Alternativos para o “Sign in with Apple”

É possível também criar endereços diversos no próprio Gmail ou no Yahoo Mail ou ainda em qualquer outro administrador de mensagens. Basta inventar um qualquer e informar tal endereço durante o processo de acesso aos sites e APPs eventualmente invasivos.

Nesses casos, tudo o que você precisaria fazer seria configurar o e-mail inventado para compartilhar as mensagens com seu endereço real. Contudo, além de precisar gerenciar adequadamente tudo isso, talvez ainda precise abrir páginas nas redes sociais. Ou seja, improducente.

De maneira geral, tais recursos de criação de endereços descartáveis funcionam especialmente em navegadores da web. já os serviços “Sign in with Apple” operam como saída específica para a estrutura de smartphones.

Além disso, a Apple comunicou que seu recurso não está atrelado unicamente a seus dispositivos próprios. Assim, ele vai estar disponível também para clientes de outros sistemas operacionais.

O que a Apple garante

O Sign in with Apple garante mais segurança e privacidade.
O Sign in with Apple garante mais segurança e privacidade.

A empresa americana diz que todo o processo de uso do “Sign in with Apple” é extremamente confortável, pois é rápido. Tudo que o se tem a fazer é clicar num botão e nada mais.

Além isso, também confirma algumas condições. Veja abaixo.

Respeito ao princípio da privacidade

“Paz de espírito” é o termo usado pela própria Apple para referenciar seu novo serviço. Segundo ela, ele foi pensado exclusivamente para isso. A eventual captura de dados do usuário é limitada a seu nome e endereço de e-mail. A nada mais.

Segurança nos procedimentos

A gigante dos iPhones garante que todas as contas concebidas pelo sistema “Sign in with Apple” estarão fielmente protegidas. Essa proteção é baseada no processo de autenticação de dois fatores internos da plataforma iCloud.

A autenticação é conduzida tanto por ID de rosto ou de toque. Além disso, a empresa não vai rastrear a atividade dos usuários no seu aplicativo ou site sob hipótese alguma.

Sistema antifraude

O novo serviço da Apple foi construído para oferecer confiabilidade a quem usá-lo. A estrutura do sistema se baseia em “inteligência interna” no próprio dispositivo em contato com a plataforma iCloud. Assim, um novo sinal de privacidade ajuda a determinar a realidade das operações.

Funcionamento multidispositivos

O “Sign in with Apple” opera de forma nativa no iOS, macOS, tvOS e watchOS. E, ainda, trabalha em qualquer navegador. Isto é, você poderá conectá-lo a seu site e em aplicativos de outras versões em outras plataformas.

Então, é isso. O novo sistema de proteção de privacidade “Sign in with Apple” ainda está sendo testado pelos engenheiros e parceiros da empresa. Entretanto, deve chegar aos iPhones junto com o iOS 13, que é nova versão do sistema operacional para iPhones.

Ainda, a empresa deixou confirmado que o serviço vai estar disponível para smartphones gerenciados pelo Android e Windows ainda em 2019, conforme a gente esclareceu acima.

Muito bem. Você, sendo usuário ou não de iPhones, deve ter formado sua opinião a partir das informações acima. Qual seria ela? Manifeste na área de comentários abaixo.